DICAS DE HISTÓRIA

          DICAS QUENTES DE HISTÓRIA
Pré-História
O período que vai do aparecimento do homem ate o aparecimento da escrita chama-se PRÉ-HISTÓRIA.
Durante todo esse período, o homem foi acumulando conhecimentos e aperfeiçoando seus instrumentos; aprendeu a produzir e a utilizar o fogo; desenvolveu formas de expressão oral; com a agricultura, ele tornou-se sedentário.
Devida a ausência de documentação escrita sobre o período pré-histórico, seu conhecimento nos e dado pela a analise de seus vestígios deixados nas cavernas e nas regiões ocupadas pelo homem daquela época, instrumentos, armas, restos de alimentos, etc. Os historiadores não conseguem sequer determinar o local que serviu de berço para a espécie humana.
Acredita-se, porém, a região do sul da Ásia ou a África central.
A evolução cultural do homem não se processou ao mesmo tempo e no mesmo grau em toda a terra.
Costuma-se dividir a pré-história nos seguintes períodos: PALEOLÍTICO e NEOLÍTICO.
Paleolítico:
O primeiro período da pré-história denomina-se paleolítico ou idade da pedra lascada.
Inicia-se com o aparecimento do homem e termina com a revolução agrícola.
As principais características desse período são:
  • Homem com aparência simiesca.
  • Instrumentos rudimentares feitos de pedra lascada.
  • Habitavam as copas das arvores ou as cavernas.
  • Conheciam o fogo mas não faziam uso dele.
  • Arte pouco desenvolvida.
  • Havia preocupação com os mortos.
Neolítico: 
Denomina-se neolítico o período compreendido entre o aparecimento da agricultura e o aparecimento da escrita.
E impossível determinar cronologicamente o inicio e o termino desse período, já que, como vimos, a evolução cultural da humanidade não se processou de maneira uniforme. Ainda hoje perduram culturas neolíticas. Entre elas , podemos citar a dos papuas, que vivem na Nova Guine.
A passagem do paleolítico para o neolítico dá-se através da revolução agrícola. O homem, começando a praticar a agricultura, deixa de ser coletor para ser produtor de alimentos. Com isso, consegue exercer maior domínio sobre o meio do que qualquer dos seus predecessores.
O cultivo da terra gerou varias transformações na vida da humanidade. Enquanto no paleolítico os povos eram nômades, isto e, andavam a procura de alimentos, no neolítico adquiriram condições de sedentarização, pois a passagem para produtor lhes garantia uma forma muito mais segura de sobrevivência. Alem disso, obtiveram a possibilidade de estocar alimentos. Essa nova situação traz como conseqüência a melhora do padrão de vida da humanidade, a diminuição da mortalidade, e um aumento muito mais rápido de população.
Se no período paleolítico, o homem como coletor, habitava as cavernas , agora, no neolítico como produtor, procura morar próximo aos lugares mais férteis. Constrói, então, habitações nas margens de rios e lagos, denominadas palafitas.
Outra conseqüência da agricultura e o aparecimento da divisão do trabalho.
Enquanto o homem pratica a caça e a pesca, a mulher fica reservado o papel de plantar e colher alimentos. Gradativamente, e introduzida a atividade do pastoreio, com a finalidade de abastecimento e tração.
Pode-se destacar, ainda, como características desse período:
  • Invenção da roda.
  • Cerâmica.
  • Invenção de barcos.
  • Instrumentação da pedra polida.
No final do período, inicia-se a utilização dos metais. Numa primeira fase, usa-se o cobre como era encontrado na natureza. Em seguida , aparecem técnicas de fundição, que levaram a obtenção de metais mais resistentes. Conseguia-se obter o bronze através da liga de cobre e estanho e funde-se o ferro. Com isso, confeccionaram-se instrumentos mais perfeitos.
Com o correr do tempo, as técnicas foram se aperfeiçoando. As construções tornaram-se mais diferenciadas e, na agricultura, iniciou-se a irrigação do solo.
Quando o homem criou a escrita, iniciaram-se os tempos históricos. Foi possível, então, uma reconstrução sistemática da historia.
Pinturas:

As pinturas rupestres em cavernas, são repletas de cenas do cotidiano dos brasileiros primitivos referentes ao trabalho, a guerra, ao desenvolvimento etc. Expressam toda a sensibilidade humana face a realidade. As primeiras impressões de nossos antepassados sobre o mundo, bem como, a necessidade humana de comunicar-se com o próximo daquela época e com o próximo que ainda estaria para vir. Isto acontece a cada visão, a cada toque nos objetos primitivos, porque assim e estabelecido um elo entre aqueles primeiros brasileiros e os brasileiros de hoje.

Para mais informações:http://www.coladaweb.com/historia/pre-historia






Mesopotâmia

Mesopotâmia: região povoada por uma grande diversidade de civilizações.  
Mesopotâmia: região povoada por uma grande diversidade de civilizações.
A região entre os rios Tigre e Eufrates foi o berço de diversas das civilizações desenvolvidas ao longo da Antiguidade. O aparecimento de tantas culturas nessa região é usualmente explicado pela fundamental importância dada aos regimes de cheias e vazantes que fertilizavam as terras da região. Ao longo desse processo, sumérios, assírios e acádios criaram vários centros urbanos, travaram guerras e promoveram uma intensa troca de valores e costumes.

Segundo alguns estudos realizados, a ocupação dessa parcela do Oriente Médio aconteceu aproximadamente há 4000 a.C., graças ao deslocamento de pequenas populações provenientes da Ásia Central e de regiões montanhosas da Eurásia. Cerca de um milênio mais tarde, os povos semitas também habitaram essa mesma região. Já nesse período, a Mesopotâmia possuía um expressivo conjunto de cidades-Estado, como Nipur, Lagash, Uruk e Ur.

Essas primeiras cidades são parte integrante da civilização sumeriana, tida como a primeira a surgir no espaço mesopotâmico. Dotadas de ampla autonomia política e religiosa, essas cidades viveram intensas disputas militares em torno de regiões férteis da Mesopotâmia. Nesse meio tempo, os semitas foram ocupando outras áreas onde futuramente nasceriam novos centros urbanos. Entre as cidades de origem semita, damos especial destaque a Acad, principal centro da civilização acadiana.

Nesse período de disputas e ocupações podemos observar riquíssimas contribuições provenientes dos povos mesopotâmicos. Entre outros pontos, podemos destacar a criação de uma ampla rede comercial, códigos jurídicos, escolas, conhecimentos matemáticos (multiplicação e divisão), princípios médicos, a formulação da escrita cuneiforme e a construção dos templos religiosos conhecidos como zigurates. Por volta de 2350 a.C., os acadianos, liderados por Sargão, dominaram as populações sumerianas.

Em 1900 a.C., a civilização amorita – povo de origem semita – criou um extenso império centralizado na cidade de Babilônia. Hamurábi (1728 – 1686 a.C.), um dos principais reis desse império, foi responsável pela unificação de toda a Mesopotâmia e autor de um código de leis escritas conhecido como Código de Hamurábi. Esse conjunto de leis contava com cerca de 280 artigos e determinava diversas punições com base em critérios de prestígio social.

Por volta de 1300 a.C. o Império Babilônico entrou em decadência em resultado da expansão territorial dos assírios. Contando com uma desenvolvida estrutura militar, esse povo ficou conhecido pela violência com que realizavam a conquista de outros povos. As principais conquistas militares do Império Assírio aconteceram nos governos de Sargão II, Senaqueribe e Assurbanipal. Com o passar do tempo, esse opulento império não resistiu às revoltas dos povos dominados por ele mesmo.

No ano de 612 a.C., os caldeus empreenderam uma vitoriosa campanha militar que deu fim à hegemonia dos assírios. A partir dessa conquista ficava registrada a formação do Segundo Império Babilônico ou Neobabilônico. O auge dessa nova hegemonia na Mesopotâmia ficou a cargo do Imperador Nabucodonosor II. Em seu governo, importantes construções, como a Torre de Babel e os Jardins Suspensos, representaram o notável progresso material dessa civilização.

Em 539 a.C., durante o processo de formação do Império Persa, os babilônios foram subordinados aos exércitos comandados pelo imperador Ciro II. Essa conquista assinalou o fim das grandes civilizações de origem mesopotâmica que marcaram a história da Antiguidade Oriental.

para mais informações vai um link abaixo: 
http://www.brasilescola.com/historiag/mesopotamia.htm


A invasão dos hicsos



Durante o Médio Império Egípcio (2000 – 1580 a.C.), a reconstituição da estrutura de poder centralizada não foi capaz de encerrar as
 disputas políticas entre o faraó e os demais representantes da elite religiosa e administrativa do Egito. Por volta do século XVIII a.C., a pressão exercida por membros da nobreza contra a autoridade faraônica estabeleceu um grave desacordo. Muitos membros da elite, interessados em desafiar o poder do faraó, permitiram que povos estrangeiros adentrassem o território.

Justamente em meio a essas contendas que os hicsos (civilização de origem asiática) estabeleceram a ocupação pacífica da região norte do império egípcio. Conforme levantado por alguns
 pesquisadores, a chegada dos hicsos se deu por conta da rigorosa seca que tomava conta de seu lugar de origem. Dessa forma, podemos concluir que este povo se deslocou até o nordeste da África com o intuito de usufruir das ricas terras e grandes mananciais disponíveis.

Enquanto as disputas políticas tomavam o Egito, os hicsos empreenderam o desenvolvimento de sua economia e sociedade. Além disso, tiveram a astúcia de formar um poderoso exército munido de armas bastante resistentes e hábeis cavalos de guerra. Dessa forma, quando iniciaram o processo de dominação contra os egípcios, não tiveram dificuldades maiores para vencer as instáveis forças que controlavam a região do Delta do Rio Nilo.

Após se firmarem politicamente no Egito, os hicsos decidiram fixar a capital do Baixo Egito na cidade de Avaris. Enquanto isso, a dinastia de faraós, que anteriormente controlava toda extensão do território, mudou a capital para Tebas; cidade do Alto Egito, garantindo dessa forma o controle sob algumas partes da região sul. Durante quase um século, essa divisão
 política permaneceu estável graças ao bom convívio entre os dois governos que controlaram o Vale do Rio Nilo.

Contudo, essa relação equilibrada entre a autoridade hicsa e egípcia sofreu um forte abalo por conta de uma rixa aparentemente banal. Segundo o relato de documentos desse período, muitas dessas brigas aconteciam porque os governantes hicsos buscaram de todas as formas legitimar e estender seus poderes adotando várias das tradições e costumes desenvolvidos pelos egípcios. Em contrapartida, os egípcios não se conformavam com a perda de uma rica e significativa parcela de seus domínios.

Por volta de 1580 a.C., durante o governo do faraó egípcio Amósis I, os conflitos militares contra os hicsos se intensificaram. Para conseguir recuperar a unidade política do antigo Império Egípcio, as tropas egípcias tiveram que superar duas frentes de batalha: uma ao norte, comandada pelos hicsos e outra ao sul, sob a liderança dos núbios, povo que cooperou militarmente em favor dos hicsos. Após a vitória, o Novo Império (1580 – 525 a.C.) inaugurou uma nova etapa da supremacia imperial egípcia.


Deuses egípcios

Os egípcios eram extremamente preocupados com a vida religiosa, por isso os deuses egípcios influenciavam em todas as esferas da vida social do Egito Antigo.

Deuses egípcios: metade homem e cabeça de animal (antropozoomorfismo) e formato humano (antropomorfismo)
Para você compreender o politeísmo egípcio, ou seja, o culto a vários deuses, faz-se necessário esclarecer algumas características da sociedade egípcia. O governo no Egito Antigo era teocrático: os administradores governavam em nome dos deuses (da religiosidade). O principal governante do Egito, ou das cidades-estados, era chamado de faraó: ele possuía todo o poder (assumia várias funções: era o rei, juiz, sacerdote, tesoureiro, general) e era tido como um deus vivo: filho do Sol (Amon-Rá) e encarnação de Hórus (deus falcão). Portanto, a religiosidade e o culto aos deuses no Egito Antigo tinham um grande significado para a sociedade.
Os egípcios cultuavam vários deuses (politeístas) e alguns deuses eram animais. Por exemplo: o gato acabava com as infestações de ratos nos celeiros com os mantimentos; o cachorro auxiliava na caça; o gado, na agricultura (puxava a charrua), entre outros.
Os animais no Egito Antigo eram considerados a encarnação dos próprios deuses. Os egípcios também adoravam as formas e forças da natureza, como o rio Nilo, o Sol, a Lua e o vento.
Cada cidade-estado egípcia possuía o seu deus protetor. Existiam deuses com formato de animal (zoomorfismo), outros deuses tinham o formato de homem juntamente com animal (corpo de homem e cabeça de animal – antropozoomorfismo) e também existiam deuses somente com o formato humano (antropomorfismo).
A religiosidade tinha importância para os egípcios até após a morte, pois eles acreditavam na imortalidade. Por esses motivos cultuavam os mortos e praticavam a mumificação (a conservação dos corpos). Acreditavam que o ser humano era constituído por Ká (corpo) e Rá (alma). No momento da morte, a alma deixaria o corpo, mas poderia continuar a viver no reino de Osíris ou de Amon-Rá – a volta da alma para o corpo dependia do julgamento no Tribunal de Osíris.
Após o julgamento de Osíris, se a alma retornasse ao corpo, o morto voltaria à vida no reino de Osíris; se não, a alma ficaria no reino de Amon-Rá. Daí a importância da conservação dos corpos pela mumificação, se a alma retornasse ao corpo, este não estaria decomposto.
  Os principais deuses egípcios eram:
  • Rá, o deus Sol, unido ao deus Amon, formando Amon-Rá, era o principal deus.
  • A deusa Nut, representada por uma figura feminina, era a mãe de Rá (Sol). Ela engoliu Rá, formando a noite e fazendo-o renascer a cada manhã.
  • Ísis foi esposa de Osíris, mãe de Hórus, protegia a vegetação e era a deusa das águas e das sementes.
  • O deus Hórus foi o deus falcão, filho de Ísis e Osíris, cultuado como o sol nascente.
  • Osíris, deus dos mortos, da vegetação e da fecundidade, era representado pelo rio Nilo. Era Osíris que buscava as almas dos mortos para serem julgadas em seu Tribunal.
  • Set foi colocado como grande inimigo de Osíris (Nilo), era o vento quente vindo do deserto, encarnação do mal.
  • O deus Amon, considerado deus dos deuses do Egito Antigo, foi cultuado junto com Rá (Amon-Rá).
As crenças e cultos religiosos estavam na base das manifestações culturais, sociais, políticas e econômicas no Egito. A religiosidade permeava toda a sociedade egípcia, nas artes, na medicina, na astronomia, na literatura e no próprio governo do Egito Antigo.

Egito Antigo - Antigo Império

 

A história  política do Antigo Egito conta com diferentes períodos que estão intimamente ligados à sua história imperial. Contudo, antes que possamos perceber a instalação de um governo de caráter centralizado nesta região, devemos observar que os egípcios organizaram seu cenário político de uma outra maneira. Ainda durante o final do Neolítico, as populações egípcias estiveram organizadas em diversas comunidades agrícolas.

Cada uma dessas comunidades era conhecida como um nomo, uma espécie de aldeia chefiada por um nomarca. Com o crescimento populacional e a construção de grandes obras hidráulicas, a região do Vale do Rio Nilo passou a ser dividia em dois diferentes reinos: o reino do Alto Egito e o reino do Baixo Egito. A composição desses dois reinos sofreu um processo de unificação política chefiada por Menés (ou Narmer), na época, rei do Alto Egito.

Deixando esses dois reinos sob o seu domínio, Menés se transformou no primeiro faraó do Egito Antigo, colocando todos os nomarcas sob o seu domínio. Além disso, o processo de unificação transformou a cidade de Tinis na primeira capital do império. Anos mais tarde, Mênfis ocupou essa posição. Em grande parte desse período, o governo egípcio tinha caráter pacifista ao não entrar em atrito com outras civilizações próximas.

Nesse quadro de grande estabilidade política, ocorreu a execução de diversas obras de irrigação e a construção de pirâmides. Entre os anos de 2600 a.C. e 2700 a.C. ocorreu a construção das conhecidas pirâmides de Gizé, atribuídas à ação dos faraós Quéfren, Quéops e Miquerinos. Para que fosse viável a realização de projetos tão grandiosos, o Estado faraônico instituía um sistema de servidão coletiva que submetia toda população egípcia ao trabalho nos campos e nas cidades.

Por volta de 2300 a.C. o próspero quadro que vigorou durante boa parte do Antigo Império ruiu com uma série de problemas climáticos e convulsões sociais. A fome, as epidemias e uma série de tensões político-sociais. Entre essas disputas, destacamos a ação dos nobres e nomarcas que se associaram contra o poder do Faraó. Dessa forma, o poder voltou a se esfacelar, o que facilitou a invasão de povos asiáticos na região do Delta do Nilo. Assim, o Antigo Império se findou.



Faraós negros do Egito Antigo

No século VII a.C., existiu no Egito uma dinastia de faraós negros de origem Núbia que conseguiu reunificar o Egito Antigo e fortalecer a civilização egípcia

   Os faraós negros de origem Núbia foram os responsáveis pela reunificação do Egito no século VIII a. C 
Os faraós negros de origem Núbia foram os responsáveis pela reunificação do Egito no século VIII a. C
Durante o século VIII a.C., o Egito Antigo foi governado por uma série de faraós negros, de origem Núbia. Eles reinaram no Egito por quase um século e constituíram a 25ª dinastia de faraós.
O primeiro faraó negro que conquistou o Egito se chamava Piye. Ele governou o reino da Núbia (região da África que fica situada no atual território do Sudão) e se intitulou como verdadeiro Senhor do Egito, ou seja, o herdeiro das tradições espirituais dos faraós.
Suas tropas caminharam para o norte do Egito, navegando pelo rio Nilo, e desembarcaram em Tebas, capital do Alto Egito, onde empreenderam uma guerra santa contra todos os exércitos que encontravam pela frente. Após um ano de intensos combates, todos os chefes guerreiros do Egito haviam sucumbido ao seu poder.
Muitos chefes guerreiros clamaram por piedade. Em troca de suas vidas, os derrotados ofereciam a Piye todas as suas riquezas, joias, entre outros. Após ter conquistado todo o Egito, Piye ficou conhecido como o Senhor das Duas Terras. Quando todos menos esperavam, o soberano conquistador conduziu seu exército pelo Nilo e retornou para a Núbia, sem jamais ter retornado ao Egito.
Piye morreu no ano de 715 a. C., terminando um reinado de 35 anos. Os faraós negros reunificaram o Egito, que se encontrava com o poder e o território fragmentado, realizaram grandes feitos e construíram monumentos grandiosos. Criaram também um império que se estendeu desde a atual capital do Sudão, Cartum, até a região norte, próxima ao mar Mediterrâneo.
Os faraós negros eram poderosos guerreiros e suas tropas foram praticamente as únicas que conseguiram evitar o domínio dos povos assírios (povos semitas extremamente guerreiros) no Egito.
O governo dos faraós negros no Antigo Egito demonstra que no mundo antigo não existia o racismo. No período em que o faraó Piye conquistou todo o Egito, o fato de sua pele ser negra não era um fator relevante. A escravidão, na Antiguidade, não tinha cunho racial, as pessoas se tornavam escravizadas por dois principais motivos: ou eram prisioneiras de guerra ou se tornavam escravas por dívidas.
Portanto, após a morte de Piye, em 715 a.C., seu irmão, Shabaka, estabeleceu a 25ª dinastia na cidade egípcia de Mênfis. Sob o domínio núbio, o Egito reconquistou suas tradições e sua identidade. Os núbios foram o primeiro povo a iniciar a chamada “Egitomania” (aqueles que admiram e cultuam a civilização egípcia).


Morte e mumificação no Egito Antigo

Os egípcios desenvolveram avançadas técnicas de mumificação para a preservação dos corpos, pois acreditavam na imortalidade e no retorno à vida após a morte.

A crença na imortalidade foi o que levou o povo egípcio a desenvolver a técnica da mumificação 
A crença na imortalidade foi o que levou o povo egípcio a desenvolver a técnica da mumificação
Os egípcios constituíram uma sociedade extremamente religiosa. Essareligiosidade determinou práticas culturais e sociais entre os egípcios – uma delas era a crença na imortalidade. Para os egípcios, a morte seria passageira e a vida retornaria para o corpo, porém o retorno à vida aconteceria somente se o corpo do moribundo fosse conservado.
Se a alma (Rá) não voltasse para o corpo (Ká), significava que o corpo não tinha sido conservado. Parte, daí, a importância da mumificação dos corpos, do embalsamento e da conservação, para evitar a decomposição. Para isso, existiam técnicas avançadas de mumificação para os nobres e técnicas mais simples para os pobres.  
As avançadas técnicas de mumificação desenvolvidas no Egito Antigo somente existiram em razão da desenvolvida medicina. Os médicos egípcios faziam cirurgias, cuidavam de fraturas, conheciam a anatomia humana. Além da técnica de preservar os corpos através da mumificação, os egípcios precisavam desenvolver um método de proteger os corpos contra saqueadores, daí a construção de enormes túmulos.
Os túmulos garantiriam a conservação dos corpos. Geralmente quando uma pessoa rica (faraó), que ostentava poder, morria, seu corpo era mumificado e posteriormente colocado nos túmulos que eram considerados uma verdadeira habitação. Neles, o faraó e suas riquezas eram enterrados em uma câmara real e os seus criados (empregados), escribas, sacerdotes e animais em outras câmaras mais simples.
O sacrifício de outras pessoas com a morte do faraó era explicado pela crença na imortalidade – o retorno para a vida significaria ter outras pessoas para servi-lo (os criados) e continuar com sua riqueza era fundamental para exercer o poder.
Devemos ressaltar que a crença no retorno à vida aconteceu entre todas as camadas sociais no Egito, mas os faraós, nobres e ricos tinham condições de construir sarcófagos bem fechados e grandes túmulos construídos de pedras. Tudo isso garantiu a proteção dos corpos contra saqueadores.
Os principais túmulos eram as mastabas (túmulo feito com laje de pedra ou tijolo), os hipogeus (túmulo feito na rocha, próximo às barrancas do rio Nilo) e as pirâmides (túmulos reais compostos por uma cripta, corredores de ventilação, câmara do rei, corredores secretos, galerias, câmaras e passagens falsas no intuito de evitar saques).






Código de Hamurábi


O Código de Hamurábi empreendeu uma nova experiência na tradição jurídica mesopotâmica.


No processo de consolidação do Primeiro Império Babilônico (1800 – 1600 a.C.), observamos a trajetória que permitiu a civilização amorita subjugar uma grandeparcela da população encontrada na Mesopotâmia. Entre os diversos reis que empreenderam a formação dessa estrutura política sólida e centralizada, destacamos o papel desempenhado por Hamurábi, monarca que comandou a Babilônia entre os séculos XVIII e XVII a.C..

Buscando garantir o exercício de seu poder no rico território mesopotâmico, esse monarca decidiu empreender uma reforma jurídica que fixou uma série de importantes transformações. Até o seu governo, as leis que regulamentavam os direitos e deveres dos babilônicos eram transmitidas por meio da oralidade. Ou seja, toda a lei que partia da autoridade real ou traçava as
 tradições jurídicas da população era repassada de boca em boca.

Muitas vezes, esse tipo de costume abria espaço para diversas contendas e modificações que poderiam ameaçar a estabilidade necessária a um regime controlado por um único indivíduo. Por isso, o rei Hamurábi ordenou a criação de um código de leis composto por aproximadamente 280 artigos devidamente registrados em um imenso monólito, que levava em seu topo um relevo com a imagem do próprio rei. Dessa forma, nascia um dos mais antigos códices de leis escrito em toda
 história humana.

Em linhas gerais, o Código de Hamurábi foi baseado na anterior Lei de Talião, que preconizava o princípio do “olho por olho, dente por dente”. Dessa forma, podemos perceber que, em diversos casos, as leis escritas por Hamurábi privilegiavam a adoção de uma pena similar ao tipo de crime realizado pelo seu infrator. No entanto, quando estavam envolvidos indivíduos originários de classes sociais distintas, essas penas poderiam ser bastante variadas.

Preocupado com a aplicação das leis em todo território dominado, Hamurábi teve o cuidado de produzir cópias do código que deveriam ser fixadas em diferentes regiões de seu império. Dessa forma, estabelecia um meio de homogeneizar as decisões jurídicas a serem adotadas e, ao mesmo tempo, garantia meios de legitimar sua própria autoridade. Mesmo com o fim do Império Babilônico, percebemos que diversas civilizações se inspiraram nesse importante legado jurídico para organizar seu próprio conjunto de leis.




Mesopotâmia - Economia.

O comércio foi um dos pilares da economia mesopotâmica.

A economia dos povos mesopotâmicos, tendo grande semelhança com o Egito, era sustentada pela produção agrícola obtida às margens dos rios Tigre e Eufrates. No entanto, a violência e irregularidade do sistema de cheias desses dois rios exigiam um esforço maior para que a exploração agrícola fosse viabilizada. Dessa forma, a tecnologia agrícola desses povos exigia a elaboração de um sofisticado sistema de irrigação e drenagem controlada pela construção de diversos diques e barragens. 

Ao mesmo tempo, é importante salientar que a disponibilidade de terras férteis na Mesopotâmia não era homogênea. Em contraste às férteis planícies meridionais, a porção norte do território possuía um solo árido e extremamente acidentado. Esse contraste motivava, por exemplo, muitos pastores assírios a invadirem terras ao sul em busca de alimento. Outro ponto de importante destaque era o papel desempenhado pelo Estado no desenvolvimento da agricultura na região.
 

O governo organizava a implantação de um sistema de servidão coletiva responsável pela
 administração das atividades agrícolas. Além disso, o Estado era o responsável direto pela condução de obras públicas desenvolvidas com o objetivo primordial de ampliar as atividades agrícolas. Ao contrário dos egípcios, os mesopotâmicos não abdicavam da propriedade das terras em benefício do Estado. Todavia, os trabalhadores agrícolas eram obrigados a ceder parte de sua produção. 

Geralmente, os campos férteis eram utilizados na plantação de trigo, cevada, centeio e para a criação de animais domesticados. Com desenvolvimento das atividades agro-pastoris, os povos mesopotâmicos foram capazes de acumular excedentes responsáveis pela articulação das primeiras atividades comerciais. A facilidade de deslocamento no território mesopotâmico e a carência de
 produtos em certas regiões também contribuíram enormemente para a consolidação de uma classe de mercadores. 

Diversas caravanas eram formadas com o intuito de buscar matérias-primas como pedras preciosas, marfim, cobre e estanho. Ao longo de sua
 história, a Mesopotâmia se transformou em um dos maiores centros comerciais do Oriente, atraindo o interesse de comerciantes da Ásia Menor e da região do Cáucaso. Com um padrão monetário pouco desenvolvido, a grande maioria das negociações era feita a partir da troca de barras de ouro e prata.


Mesopotâmia – Religião e Literatura


Ishtar e a Epopéia de Gilgamesh, grandes expoentes da religiosidade e da literatura dos mesopotâmicos.

No campo da religiosidade, a Mesopotâmia poder ser vista como um “grande caldeirão” de crenças e divindades. Muitos desses deuses possuíam forma humana (masculina ou feminina) e geralmente tinham suas características vinculadas a elementos da natureza ou corpos celestes. Em diversas culturas poderíamos encontrar a presença de divindades comumente adoradas como Shamash (deus do Sol e da justiça), Anu (senhor dos céus), Sin (deusa da Lua) e Ishtar (deusa da guerra e do amor). 

O pensamento religioso dos povos mesopotâmicos tinha traço dualista, admitindo a existência de deuses inclinados para o bem e para o mal. Dessa maneira, a magia, a adivinhação e a astrologia eram utilizadas como meios de interação e conhecimento dos desígnios desse complexo conjunto de divindades. A prática religiosa era estabelecida nos ambientes públicos e privados, sendo os zigurates os principais centros de adoração da população. 

Diversas culturas mesopotâmicas acreditavam na vida após a morte e, por isso, desenvolviam uma série de rituais funerários. Geralmente os mortos eram enterrados com alguns de seus objetos pessoais e a tumba que abrigava o corpo poderia indicar a condição financeira do falecido. De acordo com algumas narrativas míticas, os mortos passavam o além-vida em um mundo subterrâneo onde se alimentavam de pó para o resto de seus dias.
 

Influenciada pelos seus valores religiosos, a literatura mesopotâmica era repleta de mitos que explicavam a origem dos deuses e do mundo. A obra “O mito da criação” relata a origem do mundo graças aos feitos de Marduk, uma das principais divindades dos babilônios. Na “Epopéia de Gilgamesh” temos as desventuras do gigante que, em tempos remotos, teria controlado a cidade de Uruk. Segundo alguns estudiosos, algumas lendas contidas nesse livro são próximas às narrativas do Antigo Testamento.




Sumérios e acádios


Sumérios e acádios estabeleceram as primeiras cidades-Estado da Mesopotâmia.


Por volta de 10000 a.C., os primeiros grupos humanos sedentários passaram a se fixar na região da Mesopotâmia, dando os primeiros passos que marcaram o surgimento das primeiras cidades-Estado da região. Com o passar do tempo, avançadas técnicas de exploração dos recursos hídricos permitiram o incremento populacional e a constituição das primeiras cidades, como Uruk, formada em 4000 a.C..

Foi justamente nessa época que os sumérios – civilização oriunda do planalto iraniano – se fixaram na região da Caldeia, localizada entre a Baixa e a Média Mesopotâmia. Com o desenrolar de sua presença naquele território, os sumérios foram responsáveis pela fundação de doze cidades-Estado, como Quish, Ur, Nipur e Lagash. Marcando o desenvolvimento da chamada Revolução Urbana, cada uma dessas cidades era dotada de um núcleo urbano cercado por terras destinadas ao cultivo.

Tendo uma organização
 política descentralizada, cada um desses polos urbanos era controlado por um sacerdote auxiliado por um conselho de anciãos. Este chefe  político era conhecido como patesi e tinha como tarefas primordiais a organização da população, o controle dos exércitos, a cobrança de impostos e a construção das obras hidráulicas e templos. O uso das terras era feito de maneira coletiva, já que os sumérios acreditavam que elas pertenciam aos deuses.

Paralelo ao desenvolvimento agrícola, os sumérios também foram capazes de firmar relações de comércio com outros povos da Antiguidade. O controle dessas atividades foi possível com o auxílio da escrita cuneiforme, concebida a partir da gravação de símbolos em blocos de argila posteriormente expostos à luz solar ou levado para uma fornalha. Esse código escrito, além de ter fins econômicos, também permitiu a criação de uma rica literatura, repleta de mitos, narrativas históricas, leis, fábulas e provérbios.





Mesopotâmia – Sociedade e Cultura


Os povos mesopotâmicos ficaram conhecidos pelas inúmeras cidades-Estado independentes que ocupavam a região dos rios Tigre e Eufrates. Em cada uma delas havia a presença de uma autoridade real responsável pelas principais decisões de cunho político e religioso. Mesmo estando associados aos deuses, os reis mesopotâmicos não eram vistos como divindades. Habitando suntuosos palácios e tendo um amplo corpo de funcionários à sua disposição, a realeza compunha o topo da hierarquia social. 

Logo após o rei e seus familiares, a pirâmide social dos povos mesopotâmicos contava com uma classe intermediária integrada por nobres, guerreiros, funcionários públicos e sacerdotes que desempenhavam importantes funções próximas à manutenção do Estado. A grande maioria da população era pertencente a uma classe de camponeses e
 trabalhadores que prestavam serviço à comunidade. Dessa maneira, essas sociedades eram majoritariamente sustentadas por uma ampla classe de homens livres. 

Entretanto, em algumas sociedades de caráter iminentemente militarista, como no caso dos assírios, havia a presença de uma classe de escravos. Nas sociedades onde a questão da propriedade da terra não tinha um caráter rígido e centralizado, a presença de escravos era restrita, tendo em vista a disponibilidade de mão-de-obra oferecida pelo sistema de servidão coletiva. Em certos casos, os escravos eram utilizados para a realização de tarefas mais exaustivas e perigosas.
 

No campo científico, as culturas mesopotâmicas tiveram destacado papel no desenvolvimento da escrita com a criação de um sistema de caracteres cuneiformes. Com o progresso das atividades comerciais, a álgebra teve grande desenvolvimento com a criação de operações matemáticas e sistemas de pesos e medidas. Paralelamente, o interesse pela Astronomia permitiu a distinção das estrelas e dos planetas, e o desenvolvimento de um calendário lunar com doze meses de duração.
 

No terreno das artes e da arquitetura os mesopotâmicos ficaram conhecidos pela construção de suntuosos palácios e templos, mais conhecidos como zigurates. A escultura mesopotâmica era bastante simples, contando com imagens sem expressão e uma representação minimalista dos corpos. Na pintura, os temas cotidianos, religiosos e militares tinham grande destaque. Paralelamente, a cerâmica também tinha grande destaque na criação de utensílios e no registro de documentos escritos.


Esse vídeo é sobre a Mesopotâmia. Ele é só a parte um, a parte dois está no Youtube em vídeos relacionados. Estudem muitos Mesopotâmia, para não demoramos muito no assunto e irmos para geografia.


A formação das pólis gregas 



No desenvolvimento da civilização grega, notamos que vários estudiosos destacam o surgimento da pólis como uma das mais importantes experiências desenvolvidas em toda a Antiguidade. Em sua compreensão mais simples, a pólis corresponde às diversas Cidades-Estado que se formaram no território grego entre o final do Período Homérico e o desenvolvimento do Período Arcaico. Contudo, como foi possível que esse tipo de organização social e política existisse?

A princípio, o Período Homérico (XII a.C. – VIII a.C.) ficou conhecido pela formação das chamadas comunidades gentílicas. Estas consistiam em pequenas unidades agrícolas autossuficientes, nas quais todas as riquezas eram produzidas de forma coletiva. À frente desse grupo tínhamos o pater, uma espécie de patriarca que determinava a organização das ações administrativas, judiciárias e religiosas a serem desempenhadas por todos que compartilhavam aquele mesmo espaço.

Com o passar do tempo, a falta de terras e o uso de técnicas de plantio pouco avançadas estabeleceram um crescimento populacional maior que a produção agrícola das comunidades gentílicas. Desse modo, a caráter coletivo dos genos foi perdendo espaço para outro tipo de configuração social. Paulatinamente, os membros mais próximos ao pater passaram a integrar uma restrita classe de proprietários de terras que eram subordinados aos outros integrantes da comunidade. 

Nesse novo momento, os parentes mais próximos do pater se transformaram nos integrantes da classe dos Eupátridas, termo grego que significava o mesmo que “bem-nascido”. Logo em seguida, temos os Georgoi (“agricultores”), que formavam a classe de pequenos proprietários de terras ainda existentes. Por fim, no estrato mais baixo dessa formação social, estavam os Thetas (“marginais”), que não tinham qualquer tipo de propriedade agrícola.

Mais do que controlar a posse da terra, os Eupátridas também organizaram os instrumentos e instituições responsáveis pelas decisões políticas, as manifestações religiosas e todas as outras manifestações que reafirmassem o poder dessa classe dirigente. Temos de tal modo, a organização de uma aristocracia que se organizava a partir da maior riqueza daqueles tempos: a terra.

Na medida em que a propriedade da terra estabelecia disputas de poder, vemos que alguns genos passaram a se mobilizar em defesa de seus territórios. Tínhamos assim, a formação das fratrias, que eram formadas como meio de preservação das terras. Com o passar do tempo, as fratrias também se uniriam coletivamente para a organização das tribos, que também desempenhavam – em uma escala mais ampla – a defesa das terras dos genos pertencentes a uma determinada região.

A partir do momento que as demandas políticas dessas comunidades se tornavam cada vez mais recorrentes, vemos que essas associações de cunho militar passar a ter outro significado. O agrupamento das tribos e a influência dos Eupátridas determinaram a formação das primeiras Cidades-Estado, ou seja, as pólis gregas. Em muitas dessas pólis, vemos que a povoação se desenvolvia em torno da acrópole. Situada no ponto mais alto da cidade, esse espaço congregava os palácios e templos de uma pólis.

Por meio da criação da pólis, não determinamos somente o estabelecimento de uma aristocracia responsável pelo destino político de toda uma população. Sob o ponto de vista histórico, a formação das pólis instituiu um espaço em que diferentes formas de organização políticas foram criadas e desenvolvidas. Ao racionalizar a vida em sociedade, a pólis abre caminho para outros tipos de experiência política.






As diásporas gregas 


O processo de formação da civilização grega conta com uma interessante história onde observamos todo o processo de ocupação das várias regiões que integram a chamada Península Balcânica. De fato, não podemos pensar a Grécia Antiga como portadora de uma civilização homogênea no momento em que assinalamos a contribuição dos vários povos que integram o processo de formação da Hélade. Dos cretenses até os dórios, temos um longo caminho a percorrer no eixo espaço-temporal. 

Além de dominar praticamente todo o espaço balcânico, notamos que os gregos também formaram outras cidades e centros de colonização que abrangiam pontos das ilhas do Mar Egeu, porções litorâneas da Ásia Menor, a Península Itálica, o Norte da África e as proximidades da Península Ibérica. Para compreendermos o espalhamento dos gregos por todo esse espaço, é necessário contemplar os primeiros tempos que norteiam a história pregressa da civilização grega.

O primeiro evento que marca a expansão dos povos gregos começa a se desenhar no século XV a. C., quando os aqueus dominaram a ilha de Creta e deram origem à chamada civilização micênica. Antes dessa fusão de ambas as civilizações, também temos que salientar a chegada de outras tribos indo-europeias à região continental da Grécia. Entre 2000 a.C. e 1200 a.C., eólios e jônios atingiram a Península Balcânica estabelecendo diversos pontos de ocupação humana.

Por volta do século XII a.C., os dórios empreenderam um violento processo de ocupação dos Bálcãs que estabeleceu uma profunda desarticulação dos hábitos e instituições firmados pela civilização creto-micênica. Adeptos ao nomadismo e detentores de uma tecnologia bélica visivelmente superior a dos outros povos da região, os dórios foram os responsáveis diretos pela dispersão das comunidades aqueias, eólias e jônicas para outros territórios.

Esse evento marcou a Primeira Diáspora Grega, tempo em que as populações atingidas pela invasão dórica ocuparsm novas terras no litoral da Ásia Menor e de outras ilhas situadas ao longo do Mar Egeu. Tal mudança foi acompanhada pelo enfraquecimento das atividades comerciais existentes na região, o fortalecimento das comunidades agrícolas e o esvaziamento de tantas manifestações artísticas e culturais anteriormente observadas.

Dessa forma, chegamos ao Período Homérico, que entre os séculos XII e VIII a.C. ficou marcado pela constituição das comunidades gentílicas. Tais comunidades foram voltadas para o desenvolvimento de atividades agrícolas e a exploração coletiva das terras. Em período de tempo relativamente curto, o desenvolvimento dessas comunidades promoveu um incremento populacional que acabou abrindo caminho para diversas disputas pelo controle das terras cultiváveis.

Nesse momento, o uso coletivo das terras acabou perdendo espaço para um grupo social mais próximo à figura do pater, que no interior dos genos tomava as decisões políticas de maior peso. Com isso, uma elite de proprietários de terras começou a se fortalecer sob o aspecto político-econômico e, consequentemente, impôs a marginalização de uma ampla população que não partilhava do mesmo prestígio junto à nova classe dirigente e, por conseguinte, não tinha acesso a terra.

Foi nesse momento que diversas populações saíram do interior dos genos para buscarem outras regiões com terras cultiváveis. Dava-se início à deflagração da Segunda Diáspora Grega, quando a população marginalizada pela crescente apropriação de terras passou a se lançar pelas regiões do Mar Negro e da Península Itálica em busca de regiões onde pudessem buscar sua sobrevivência. Com isso, a civilização grega se estabeleceu ao longo de várias colônias que superavam os limites do Mar Egeu.



A mulher em Atenas e Esparta


Quando estudamos o desenvolvimento do mundo grego, percebemos que a variedade de povos que se espalham ao longo dos acidentados terrenos da Hélade são responsáveis pela formação de culturas bastante peculiares. Em cada uma das cidades-Estado temos instituições, transações comerciais, hierarquias sociais e outros hábitos que definem a singularidade de cada foco de ocupação desta grande região.

Geralmente, as cidades-Estado de Esparta e Atenas servem como parâmetro para a compreensão dessa natureza diversa. Em muitos livros de História chegamos a encontrar alguns quadros-resumo em que as características dessas duas culturas são colocadas em paralelo para demonstrar as profundas mudanças entre as mesmas. Apesar de seu aspecto didático, tais esquemas acabam gerando algumas percepções incoerentes sobre estas cidades.

Por valorizar a formação intelectual, alguns leitores são levados a crer que os atenienses eram “mais desenvolvidos” que os integrantes da sociedade espartana. Além disso, o laconismo (hábito de se expressar com poucas palavras) praticado pelos espartanos também reforça esse tipo de julgamento. No entanto, quando discutimos o papel desempenhado pelas mulheres em cada uma destas cidades-Estado vemos que essa noção se mostra completamente falha.

Entre os atenienses, mesmo sendo esses os criadores da democracia, percebemos que a atuação da mulher era reduzida. Educada para ser dócil e reservada ao mundo doméstico, as mulheres atenienses eram subjugadas pelo pai até ele escolher qual homem poderia com ela se casar. Após o matrimônio, a subserviência feminina era destinada ao marido. Mesmo após as reformas políticas, as mulheres não participavam das questões políticas por serem consideradas inaptas para esse tipo de tarefa.

No mundo espartano essa posição era bem diferente. Reforçando o seu caráter militar, os espartanos acreditavam que a mulher deveria ser fisicamente preparada para que pudesse dar origem a indivíduos aptos para compor o exército daquela cidade. Por isso, era comum que essas mulheres se dedicassem à disputa de jogos e outros tipos de atividade esportiva. Além disso, podiam controlar as finanças domésticas e participar das reuniões públicas ligadas à vida política espartana.

Por meio desse interessante exemplo, podemos notar que a hierarquização dessas duas civilizações não trata de forma coerente as peculiaridades de cada cidade-Estado. Na verdade, estes critérios de “melhor” e “pior” acabam simplesmente reproduzindo aquilo que se aplica aos valores de quem observa cada uma das antigas cidades gregas. Dessa forma, devemos perceber que as diferenças entre cada uma das culturas concebidas na Grécia Antiga em nada têm a ver com esse tipo de parâmetro compreensivo.



A democracia em Atenas 

No estudo das sociedades clássicas costumamos destacar especialmente o incisivo papel em que as práticas e instituições nascidas no mundo grego influenciaram a formação do mundo contemporâneo. Entre as várias instituições consolidadas no mundo grego, a noção de democracia é uma das que mais despertam nosso interesse na busca por paralelos que aproximem o mundo antigo do contemporâneo.

A história da democracia ateniense pode ser compreendida à luz de uma série de transformações sofridas pela sociedade e economia ateniense. Até os séculos VII e VI, o poder político ateniense era controlado por uma elite aristocrática detentora das terras férteis de Atenas: os eupátridas ou “bem nascidos”.

Nesse meio tempo, uma nascente poderosa classe de comerciantes, os demiurgos, exigia participação nos processos decisórios da vida política ateniense. Além disso, pequenos comerciantes e proprietários acometidos pela escravidão por dívidas, exigiam a revisão do poder político ateniense. Com isso, os eupátridas viram-se obrigados a reformular as instituições políticas da cidade-Estado.

Um grupo de legisladores foi responsável por um gradual processo de transformação política. Em 621 a.C., Drácon resolveu estabelecer um conjunto de leis escritas que dariam lugar às leis orais anteriormente conhecidas pelos eupátridas. Mesmo não enfraquecendo o poder da aristocracia essa primeira medida possibilitou uma nova tradição jurídica que retirava o total controle das leis invocadas pelos eupátridas.

A partir de 594 a.C., Sólon, o novo legislador, ampliou o leque de reformas políticas em Atenas, eliminou a escravidão por dividas e resolveu dividir a população ateniense por meio do poderio econômico de cada indivíduo. Dessa forma, os comerciantes enriquecidos conquistaram direito de participação política. Além disso, novas instituições políticas foram adotadas.

A Bulé ou Conselho dos Quinhentos era um importante órgão legislativo que dividia as funções antes controladas pelo Areópago ateniense controlado pelos aristocratas. A Eclésia foi uma instituição mais ampla onde os cidadãos poderiam aprovar ou rejeitar as leis elaboradas pela Eclésia. Por último o Helieu seria composto por juízes incumbidos de julgar os cidadãos atenienses de acordo com as leis escritas.

Em resposta, as elites agrárias atenienses rivalizaram com esse primeiro conjunto de mudanças. A agitação política do período deu margem para que ações golpistas abrissem espaço para a ascensão dos governos tirânicos. Os principais tiranos foram Psístrato, Hiparco e Hípias. No fim do século VI a.C. a retração dos direitos políticos mais amplos incentivou uma mobilização popular que levou à ascensão política de Clístenes, em 510 a.C..

Em seu governo, os atenienses passavam a ser divididos em dez tribos que escolhiam seus principais representantes políticos. Todo ateniense tinha por direito filiar-se a uma determinada tribo na qual ele participaria na escolha de seus representantes políticos no governo central. Dessa maneira, o grau de participação entre os menos e mais abastados sofreu um perceptível processo equalização.

Outra ação importante, a medida de Clístenes foi a adoção do ostracismo. Por meio desta, todo e qualquer indivíduo considerado uma ameaça ao governo democrático seria banido por dez anos. Apesar de seu isolamento, o punido ainda teria direito de posse sobre suas terras e bens. De forma geral, esse foi um importante dispositivo que impedia o surgimento de novos tiranos em Atenas.

Aparentemente, podemos concluir que Clístenes foi o reformador capaz de estabilizar o regime democrático ateniense. Alem disso, ficamos com a ligeira impressão de que a igualdade entre os cidadãos de Atenas fora realmente alcançada. Porém, o conceito de cidadania dos atenienses não englobava, de fato, a maioria da população.

Somente os homens livres, de pai e mãe ateniense, maiores de 18 anos e nascidos na cidade eram considerados cidadãos. As mulheres, escravos e estrangeiros não desfrutavam de nenhum tipo de participação política. Dessa forma, a democracia ateniense era excludente na medida em que somente um décimo da população participava do mundo político ateniense.


Esparta x Atenas


Na transição entre os períodos Homérico e Arcaico, temos o desenrolar de um paulatino processo de desintegração das comunidades gentílicas e o surgimento das primeiras polis gregas. Com o passar dos anos, esse tipo de unidade sociopolítica passou a caracterizar o perfil de toda a Grécia Antiga. Independentes entre si, principalmente pelas dificuldades de comunicação, essas cidades-Estado acabaram tomando características que aprofundavam suas diferenças.

Para exemplificar esse tipo de situação, tomamos costumeiramente as cidades de Esparta e Atenas como um modelo capaz de mostrar claramente o rico mosaico cultural, religioso, político e econômico do mundo grego. A começar por suas origens, podemos ver que enquanto os espartanos descenderam dos guerreiros dóricos, os atenienses são originários dos povos responsáveis pela formação da tradicional civilização creto-micênica.

Sob o ponto de vista econômico, os atenienses aproveitaram de sua posição geográfica para desenvolver um intenso comércio marítimo com as colônias estabelecidas no Mediterrâneo e na Ásia Menor. A necessidade de desenvolvimento comercial também esteve ligada à pouca disponibilidade de terras férteis ao longo de seus domínios. Já em Esparta, a grande disponibilidade de terras e a aversão aos estrangeiros propiciaram uma atividade agrícola autossuficiente e um comércio bastante restrito.

Com relação às instituições políticas, vemos que inicialmente essas duas cidades-Estado privilegiaram o domínio da aristocracia local. Contudo, os atenienses estabeleceram uma série de reformas que dariam origem a um governo de caráter democrático. Em contrapartida, Esparta tinha seu poder divido entre dois reis (Diarquia) que tratavam de assuntos militares e religiosos. Paralelamente, havia ainda a existência de duas assembleias (Gerúsia e Ápela) onde discutiam e organizavam as leis da cidade.

A educação dos gregos e espartanos era bastante diferenciada com relação aos fins que cada uma delas tomava. Os espartanos viam na educação uma importante etapa para que o cidadão interiorizasse os valores militaristas e o rigoroso treinamento físico dos jovens. Em Atenas, a educação era um privilégio destinado àqueles que possuíam condição para pagar pelos serviços de um professor particular. Os atenienses procuravam realizar um equilíbrio entre o corpo e a mente de cada indivíduo.

Com relação ao papel ocupado pelas mulheres, observamos também outra interessante diferenciação entre espartanos e atenienses. Em Esparta, sendo a mulher responsável por gerar indivíduos preparados para o combate, estas possuíam uma rigorosa educação e tomavam a frente de questões domésticas e participavam das assembleias. Já os atenienses acreditavam que uma mulher não deveria se intrometer no mundo masculino, ficando a ela reservada as atividades ligadas ao lar.

Por meio destas características, é possível constatar que a Grécia Antiga era uma região agregadora de uma complexa teia de culturas. Ao percebemos as diferenças entre espartanos e atenienses, temos condições de compreender que os gregos não podem ser vistos como integrantes de uma espécie de nação. Apesar de compartilharem de alguns costumes e tradições, os gregos não faziam da Hélade um lugar de feições uniformes.






Guerra do Peloponeso

Durante as Guerras Médicas, o papel de liderança dos atenienses garantiu a vitória contra o imenso exército persa. Para tanto, Atenas sugeriu formar uma liga de cidades-Estado que teria a função de arrecadar fundos e material bélico para fazer frente aos exércitos comandados pelo rei Xerxes. Dava-se início à Liga de Delos, que não só conseguiu derrotar os persas, bem como se transformou em uma instituição que protegeria a Hélade de outras invasões estrangeiras.

Controlada por Atenas, as riquezas acumuladas pela Liga de Delos passaram a ter uma função diferente da original. Os atenienses aproveitaram daquela riqueza disponível para impor seus interesses econômicos sobre as demais cidades-Estado e promover várias obras públicas que aprimoraram a beleza e a segurança de sua própria cidade. Com o passar do tempo, o chamado imperialismo ateniense instigou outras cidades gregas a se unirem contra tal situação. Por meio dessa aliança surgiu outra força militar, Liga do Peloponeso, então liderada pelos espartanos.

O clima de rivalidade instalado entre as cidades-Estado gregas eclodiu quando a colônia de Córcira decidiu se voltar contra a cidade de Coríntio, pertencente à Liga do Peloponeso. Aproveitando da contenda, os atenienses aproximaram a Córcira da Liga de Delos através do apoio militar cedido nesse primeiro confronto. Por sua vez, Esparta, aliada militar dos coríntios, resolveu agir contra os atenienses em uma grande ofensiva que tomou conta da região Ática.

Nos primeiros dez anos do confronto, entre 431 e 421 a.C., houve um visível equilíbrio de forças entre as tropas envolvidas. Enquanto os espartanos conduziam habilmente os exércitos terrestres, as forças militares atenienses eram praticamente imbatíveis pelo mar. A igualdade de forças traçou a assinatura da Paz de Nícias, acordo que oficializaria uma trégua de cinquenta anos. Contudo, Atenas acabou descumprindo a medida ao retomar os conflitos em 413 a.C..

O recomeço da Guerra do Peloponeso for claramente marcado pela soberania das forças lideradas por Esparta. Em uma expedição à ilha de Siracusa, Atenas sofreu uma vergonhosa derrota que resultou na captura de 20 mil homens que foram transformados em escravos. Depois disso, Esparta viu que o momento era favorável para um novo avanço sobre a região da Ática. Na Batalha de Egos-Pótamos (404 a.C.), o almirante espartano Lisandro decretou a derrocada dos atenienses.

Com fim da guerra, o modelo político aristocrático se revigorou dentro da Grécia e Esparta passou a impor seus interesses sobre as demais pólis gregas. Nessa fase, o enorme desgaste causado pela Guerra do Peloponeso fez com que os persas retomassem o controle de algumas colônias gregas da Ásia Menor. Depois disso, novas disputas militares iniciaram um novo ciclo de guerras entre as cidades-Estado. Ao fim desses penosos confrontos, os macedônios aproveitaram da situação para invadir a Grécia




mitologia grega





Os antigos gregos viviam em uma civilização politeísta, ou seja, tinham a crença em vários deuses. Na Grécia Antiga, o deus que mais se destacava era Zeus. Considerado o mais importante dentre os deuses, ele representava a justiça, a razão e a autoridade. Além dos gregos serem politeístas, seus deuses eram antropomórficos, isto é, assumiam a forma humana e agiam à semelhança dos homens, lutavam entre si, e, como os humanos, sentiam ódio, amor, se casavam e tinham filhos.
Em relação ao casamento, vários deuses se uniram aos seres humanos mortais. Dessas uniões surgiram os heróis, considerados semideuses. Sobre seus deuses e heróis, os gregos contavam muitos mitos, que deram origem à mitologia grega.
A mitologia grega se originou de um conjunto de relatos fantasiosos e imaginativos em que os gregos procuravam explicar, por exemplo, a origem da vida, a vida após a morte, dentre outros assuntos.
Os deuses gregos eram homenageados por meio de jogos e competições esportivas. Desse fato, surgiram os jogos Olímpicos, que eram realizados no monte Olimpo (residência de Zeus).
No universo simbólico da mitologia grega, existiam diversos mitos, logo a seguir veremos o mito originário da ilha de Creta (Grécia). Segundo consta nos relatos históricos, nos documentos ou vestígios deixados pelos gregos, na ilha de Creta existia um labirinto intransponível: nenhum homem que adentrou ao labirinto conseguiu encontrar a saída.
Além disso, estar perdido dentro do labirinto se tornava perigoso em razão da presença da figura mitológica do Minotauro, que ali habitava. O Minotauro, na representação mitológica, tinha o corpo humano e a cabeça de touro. Essa mitologia surgiu após a derrota de Creta para Atenas: o Minotauro se encontrava dentro do labirinto para receber oferendas que Atenas pagava a Creta todos os anos.                                     
Sempre quando os gregos tinham problemas sérios, eles consultavam os deuses por meio dos oráculos, que interpretavam para os seres humanos o que os deuses queriam.
Os principais deuses cultuados pelos gregos antigos eram: Zeus (principal deus, governava os outros deuses e os homens), Hera (esposa de Zeus), Hades (senhor dos infernos), Ares (deus da guerra), Ártemis (deusa da caça), Atena (deusa da razão e da inteligência), Afrodite (deusa do amor e a beleza), Apolo (deus da luz, das artes e da adivinhação), Dioniso (deus do vinho e do prazer), Hefaístos (deus do fogo), Deméter (deusa da terra), Hermes (deus do comércio e das comunicações) e Posêidon (deus dos mares).
Com o passar do tempo, nas cidades gregas, como Atenas, surgiram estudiosos que fundaram a Filosofia (os principais foram Sócrates, Platão e Aristóteles). Eles começaram a duvidar das explicações originárias da mitologia e fizeram-se valer do uso metódico da razão, elaborando outras explicações sobre os fenômenos naturais, sobre a vida e o homem. A partir de então, a mitologia passou a explicar, juntamente com a Filosofia, a origem da vida e os problemas da existência.









período helenístico 


A partir do ano 350 a.C., uma nova civilização começou a ascender politicamente e militarmente no Mundo Antigo. A Macedônia, sob o domínio do rei Felipe II, iniciou um processo de expansão territorial que rompeu com a hegemonia do mundo grego. Tal invasão só foi possível devido às constantes disputas internas que levaram a enfraquecer o poderio militar grego. 

Seguindo os passos do pai, o rei Alexandre, o Grande, continuou a expandir os domínios macedônicos até a Ásia Menor, chegando até a Índia. Esse vasto domínio de territórios controlados por Alexandre foi responsável por formar o chamado mundo helenístico. Essa região não só definia os limites do império macedônico, mas também indicava um conjunto de hábitos e práticas culturais institucionalizadas pelo governo alexandrino. 

Sendo educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre entrou em contato com o conjunto de valores da cultura grega. Além disso, suas incursões pelo Oriente também o colocou em contato com outras culturas. Simpático ao conhecimento dessas diferentes culturas, o imperador Alexandre agiu de forma a mesclar valores ocidentais e orientais. É desse intercâmbio que temos definida a cultura helenística. Uma das mais significativas ações tomadas nesse sentido foi a construção da cidade de Alexandria, no Egito. 

Dotada de complexas obras arquitetônicas, a cidade de Alexandria abrigava uma imensa biblioteca com um acervo superior a 500 mil obras. Outro hábito implementado pelo imperador era a promoção do casamento de seus oficiais e funcionários com mulheres de outras culturas. Com isso, Alexandre procurou singularizar o seu império transformando seu reinado em um campo de interpenetrações culturais. 

Com sua morte, em 323 a.C., a unidade territorial do império foi perdida. Não deixando um sucessor direto ao trono, as conquistas deixadas por Alexandre foram alvo do interesse dos seus generais. Dessa disputa houve um processo de esfacelamento dos domínios macedônicos em três novos reinos. A dinastia ptolomaica dominou o Egito; os antigônidas ficaram com a Macedônia; e os selêucidas controlaram a Ásia. 

A divisão político-territorial enfraqueceu a unidade mantida nos tempos de Alexandre. Durante o século II a.C., os romanos iniciaram seu processo de expansão territorial, resultando na dominação do antigo Império Macedônico.




 Roma antiga


  

Roma, atual capital da Itália, é o centro de onde emergiu um dos mais extensos impérios constituídos durante a Antiguidade. Fixada na porção central da Península Itálica, esta cidade foi criada no século VIII a.C. e contou com diferentes influências culturais e étnicas. Antes de falarmos sobre a criação da civilização romana, devemos assinalar os diversos povos que contribuíram para a sua origem. Entre estes, destacamos os etruscos, úmbrios, latinos, sabinos, samnitas e gregos.
Antes da criação da cidade de Roma, os etruscos se destacavam como uma das principais civilizações da porção central da Península Itálica. Os territórios etruscos alcançavam porções do Lácio e da Campanha. Cerca de doze centros urbanos eram ali distribuídos, estabelecendo uma economia bastante estruturada em razão das intensas atividades comerciais. Esse desenvolvimento se deu também em virtude das boas relações firmadas com os fenícios, fixados na porção norte do continente africano.

A criação de Roma é conhecidamente marcada pela lenda envolvendo os irmãos Rômulo e Remo. Segundo a história descrita na obra Eneida, do poeta Virgilio, o povo romano é descendente do herói troiano Eneias. Sua fuga para a Península Itálica se deu em função da destruição da cidade de Troia, invadida pelos gregos em 1400 a.C.. Após sua chegada, criou uma nova cidade chamada Lavínio. Tempos depois, seu filho Ascânio criou o reino de Alba Longa.

Neste reino ocorreu o enlace entre o deus Marte e a princesa Rea Sílvia, filha do rei Numitor. O envolvimento da princesa com a divindade deu origem aos gêmeos Rômulo e Remo, que deveriam ter direito de reinar sobre Alba Longa. No entanto, o ambicioso Amúlio arquitetou um plano para tomar o governo e, por isso, decidiu lançar as duas crianças às margens do rio Tibre. Rômulo e Remo sobreviveram graças aos cuidados de uma loba que os amamentou e os entregou à proteção de uma família camponesa.

Quando chegaram à idade adulta, os irmãos retornaram para Alba Longa e destituíram Amúlio, logo em seguida decidiram criar a cidade de Roma. Rômulo, que tinha o favor dos deuses, traçou o local onde seriam feitas as primeiras obras da cidade. Inconformado com a decisão do irmão, Remo saltou sobre a marca feita por Rômulo. Em resposta, Rômulo acabou assassinando Remo, tornando-se o primeiro monarca da história de Roma.

Essa explicação mítica é contraposta às pesquisas históricas e arqueológicas que apontam uma hipótese menos heroica sobre as origens de Roma. Segundo especialistas, a fundação de Roma ocorreu a partir da construção de uma fortificação criada pelos latinos e sabinos. Esses dois povos tomaram tal iniciativa, pois resistiam às incursões militares feitas pelos etruscos. No entanto, os mesmos etruscos vieram a dominar a região no século VII a.C.. A partir da fixação desses povos, compreende-se historicamente o início da civilização romana.


A crise do escravismo no império romano

Desde os tempos republicanos, Roma sustentava e ampliava seu poderio econômico através da constante obtenção de terras e escravos. Ao combinar essas duas práticas, os romanos garantiam produtos agrícolas e manufaturados a um baixo preço e alcançavam margens de lucro bastante significativas. Segundo algumas estimativas, a economia romana, até o final da República, contava com uma extensa população com mais de dois milhões de escravos.
Chegado o século III, toda essa situação de prosperidade e expansão se encerrou pela grande dimensão alcançada pelos territórios, o alto custo que envolvia a realização de outras anexações e as constantes pressões exercidas pelas populações dominadas e vizinhas. Nessa situação, o governo de Roma se limitava a fortalecer as fronteiras que já se encontravam em seu domínio. Deste modo, o fluxo de escravos que barateava custos e ampliava os lucros deixava de ter a mesma força.
Além disso, podemos notar que a política romana para com os povos conquistados também teve grande papel para a crise do escravismo. Com o passar do tempo, diversos dos povos conquistados alcançavam os direitos reservados aos cidadãos romanos. Mais do que promover uma equiparação jurídica, esta postura tolerante refreava o processo de obtenção de novos escravos. Sendo assim, havia fatores de ordem administrativa e militar contribuindo para a escassez de mão de obra nos domínios romanos.
Partindo para outro universo de justificativas, também podemos compreender a presença de uma forte relação entre a crise do escravismo e a disseminação do ideário cristão no mundo romano. Tendo a liberdade como um dom de ordem divina, muitos dos que se convertiam à nova religião acreditavam que a libertação de seus escravos seria um modo de se conquistar a salvação espiritual. Vale também lembrar que muitos escravos se convertiam à religião, incorporando valores contrários à sociedade romana.
Com o passar do tempo, vemos que a crise que já se configurava, se potencializou na medida em que os grandes proprietários de terra passaram a ver que a manutenção de uma vasta população de escravos se tornava economicamente inviável. De tal modo, diversos aristocratas começaram a dividir as suas terras em terrenos menores que eram arrendados por plebeus saídos das cidades ou por escravos que obtinham a sua liberdade por meio do sistema de colonato.


A ditadura de Júlio César

A morte do general Crasso, em 53 a.C., estabeleceu uma crise política entre os dois membros restantes do Primeiro Triunvirato: Júlio César e Pompeu. Nessa época, o Senado romano decidiu apoiar Pompeu concedendo-lhe a liderança do governo contra os vários grupos armados que ameaçavam a estabilidade política de Roma. Com isso, Júlio César foi obrigado a entregar os exércitos que estavam sob seu controle.

Não aceitando a entrega do poder, Júlio César comandou seus subordinados na lendária travessia do rio Rubicão, que os levaria em direção à Península Itálica. Entre os anos de 49 e 48 a.C., ele liderou uma guerra civil que obrigou os senadores romanos e Pompeu a fugirem de Roma para a Grécia. Determinado a garantir o poder em suas mãos, perseguiu os senadores romanos. Nesse meio tempo, Pompeu acabou fugindo para o reino do Egito.

Com auxílio dos ministros egípcios, Pompeu acabou assassinado. Dessa forma, Júlio César teve condições de fixar uma nova fase na história política romana. Com o apoio dos soldados e dos plebeus, acumulou uma série de títulos. Depois de ser consagrado como Pontífice Máximo, foi elevado à condição de Ditador Perpétuo, passando a ter o direito de criar novas leis. Não deixando sua vocação militar de lado, conquistou territórios na Espanha, na África e transformou o Egito em província romana.

Entre outras ações, Júlio César organizou a realização de várias obras públicas e reorganizou o quadro financeiro do Estado. Além disso, estendeu o direito de cidadania para outras regiões dos vastos territórios romanos e admitiu que os gauleses ocupassem vagas do Senado. Outra importante transformação esteve ligada à modificação do calendário romano, onde adicionou o mês de julho em sua homenagem e estipulou o emprego do ano bissexto a cada quatro anos.

Outro conhecido evento da vida de Júlio César foi o seu envolvimento amoroso com a rainha egípcia Cleópatra. Durante os seus discursos, muitos senadores romanos manifestavam sua completa desaprovação a respeito do envolvimento do ditador com uma mulher estrangeira. Em pouco tempo, a insatisfação dos senadores foi responsável pela organização de um complô que deu fim ao governo de Júlio César. No ano de 44 a.C., sob o comando de Brutus e Cássio, um grupo de senadores assassinou o ditador.

Os responsáveis pelo assassinato de Júlio César não conseguiram chegar ao poder. O general Marco Antônio, fiel ao antigo ditador, perseguiu cada um daqueles que participaram do golpe político. Além disso, por influência do estadista e filósofo Cícero, os membros do Senado decidiram entregar o controle de Roma para Caio Otávio, filho adotivo de Júlio César.


A organização social no império romano 

Ao alcançar o governo de Roma, Caio Otávio teve grande habilidade em conduzir uma série de reformas que modificaram as feições da administração e da economia no país. Nesse sentido, ele visava fortalecer a nova ordem sem, para tanto, dispor necessariamente de dispositivos de poder autoritários. Sob tal aspecto, acabou interferindo na organização da sociedade daquela época ao estabelecer novos critérios de classificação entre os cidadãos romanos.
Durante muito tempo, a determinação dos direitos políticos e individuais foram realizados por meio do nascimento de cada romano. Era por essa razão que, durante uma parte do período republicano, os plebeus, mesmo se enriquecendo com o artesanato e o comércio, não usufruíam os mesmos direitos que os patrícios. Ao longo do tempo, esse tipo de diferenciação acabou fomentando uma série de revoltas que deixavam a sociedade romana a mercê das desavenças e da instabilidade.
Visando superar tal estrutura, o imperador Otávio Augusto determinou uma nova ordenação social baseada na condição econômica apresentada por cada um dos indivíduos. Dessa forma, foram criadas as ordens Senatorial, Equestre e Inferior. Seguindo tal hierarquia, a Ordem Senatorial era basicamente composta por cidadãos que comprovassem uma renda superior a um milhão de sestércios, moeda de prata empregada na economia romana daquela época.
Os membros da ordem Senatorial poderiam se candidatar aos mais importantes cargos públicos existentes em Roma e se diferiam dos demais utilizando uma tarja púrpura em suas vestes. Logo em seguida, os pertencentes da Ordem Equestre constituíam uma classe intermediária que teria de comprovar uma renda superior a quatrocentos mil sestércios. Com tal fortuna, ele teria o direito de participar de votações e exercer alguns dos cargos públicos disponíveis.
Por fim, a Ordem Inferior, todo aquele que tivesse uma renda inferior a quatrocentos mil sestércios, dispunha de vários direitos, mas não poderia ocupar cargos públicos ou interferir em nenhuma das eleições organizadas na época. Em uma rápida observação, vemos que o regime imperial determinava maiores privilégios àqueles que tinham uma condição econômica mais avantajada. Contudo, a prosperidade dos primeiros séculos não abriu portas para rebeliões de maior impacto.

Além dessas ações de ordem política, o imperador Otávio Augusto também impôs uma série de leis em que buscava interferir nos costumes romanos. Segundo ele mesmo, a prosperidade trouxe uma situação de “relaxamento dos costumes” que poderia provocar a ruína de toda a população. Desse modo, ele incentivou o crescimento das famílias romanas, a fixação de população em áreas rurais e a punição contra as mulheres que cometessem adultério.



A questão agraria em Roma


Na medida em que conquistava novos territórios, Roma empreendia não apenas a sua supremacia militar frente a outros povos da Antiguidade. A cada região tomada, as terras eram empregadas no alargamento das fronteiras econômicas romanas. Desse modo, as atividades agrícolas, o comércio e o emprego de mão de obra escrava determinavam interessantes transformações. Além do enriquecimento, a conquista de terras provocou o alargamento das diferenças sociais.
Ficando com boa parte das terras conquistadas, os patrícios conseguiam produzir mais gêneros alimentícios e oferecer os mesmos a preços cada vez mais reduzidos. Essa situação acabou prejudicando os pequenos e médios proprietários plebeus que viviam na Península Itálica. Não conseguindo competir com os baixos preços impostos pela supremacia econômica dos patrícios, muitos desses proprietários menores vendiam suas terras e acabavam se tornando mão de obra barata nos centros urbanos romanos.
Com o passar do tempo, essas cidades, principalmente Roma, acabaram se transformando em palco de terríveis tensões sociais. A grande disponibilidade de escravos acabou limitando significativamente as vias de inserção econômica e social desses plebeus que se dirigiam às cidades. Além disso, os núcleos urbanos vivenciaram um insuportável inchaço demográfico que se sustentava na proletarização dos plebeus romanos.
Visando aplacar esses problemas, os tribunos da plebe e irmãos Tibério e Caio Graco resolveram estabelecer reformas que resolvessem esse grave problema que se desenvolvia. No ano de 133 a.C., Tibério Graco conseguiu aprovar uma lei agrária que limitou a extensão das terras pertencentes à nobreza e determinou a distribuição de terras públicas para os despossuídos. Desconfortáveis com tal lei, os grandes proprietários arquitetaram e executaram o assassinato de Tibério e 500 de seus asseclas.
Dez anos mais tarde, Caio Graco ascendeu ao cargo de tribuno da plebe com claras intenções de retomar os projetos de seu falecido irmão. Para tanto, conquistou o apoio político dos cavaleiros romanos ao beneficiá-los com uma lei que lhes concedia o direito de participar dos tribunais que controlavam a administração dos recursos públicos empregados nas províncias romanas. Além disso, ampliou suas bases de apoio ao propor a ampliação da cidadania romana aos demais povos aliados da Península Itálica.
A partir de então, Caio conseguiu aprovar leis que determinaram mudanças na forma de distribuição das terras conquistadas em Tarento e na Cápua. Logo em seguida, conseguiu a aprovação da Lei Frumentária, que estipulava a venda de trigo a valores menores para os cidadãos mais pobres. Reeleito em 122 a.C., o tribuno iniciou um projeto de colonização das terras de Cartago, no norte da África, que eram consideradas malditas pela tradição romana.
A tentativa de ampliação da cidadania romana acabou sendo utilizada como motivação para que os plebeus se voltassem contra Caio Graco. Por meio dessa lei, eles temiam que os benefícios garantidos pela política de pão e circo fossem ameaçados. Após perder outra reeleição, Caio tentou organizar um golpe de Estado. Em resposta, o Senado decretou estado de sítio. Acuados, Caio e seus seguidores se refugiaram no monte Aventino, onde o tribuno ordenou que um escravo o matasse.
Encerrados esses conflitos, percebemos que a reforma agrária romana e a tomada de outras ações de natureza democrática foram violentamente combatidas pela nobreza romana. Ao mesmo tempo, notamos que a classe plebeia não se mostrava coesa nesses mesmos projetos de transformação, tendo em vista que muitos eram confortados pelas ações assistenciais do próprio governo de Roma.



O primeiro triunvirato 

Após a revolta de escravos liderada por Espártaco, notamos que novos generais ascenderam ao poder político em Roma. No ano de 70 a.C., Licínio Crasso e Pompeu foram eleitos ao cargo de cônsul com o apoio de boa parte da população romana. Em sinal de retribuição, os dois políticos restituíram o cargo de tribuno da plebe; estabeleceram a divisão equânime dos tribunais entre os aristocratas, militares e plebeus; e fizeram com que os plebiscitos tivessem força de lei.
Nesse mesmo tempo, os generais Júlio César e Cícero ganhavam importante destaque político. O primeiro se destacava pelas grandes conquistas militares realizadas na região da Gália, conquistava a admiração de seus comandados e se declarava filiado ao partido popular. Já Cícero era um grande advogado que projetou o seu nome defendendo a vigência do regime republicano. Politicamente, o orador acabou se juntando aos partícipes do partido aristocrático.
Em 60 a.C., Pompeu, Crasso e Júlio César unificaram seu poder político e assim estabeleceram a formação do Primeiro Triunvirato. Tal mudança empreendia o enfraquecimento do papel dos senadores e reforçava o mando daquelas três figuras afamadas entre a população romana. No ano de 55 a.C., ficava determinado que Júlio César comandaria a província da Gália; Crasso, a Síria; e Pompeu, a Península Ibérica. À primeira vista, o poder e a autoridade dos triúnviros estavam sob equilíbrio.
No ano de 53 a.C., a morte de Crasso na campanha militar contra os partas desenvolveu um novo rearranjo nas relações de poder em Roma. Em 54 a.C., a morte da esposa de Pompeu, Júlia, rompia os laços familiares entre Pompeu e Júlio César, pai da jovem. Dessa forma, com o fim do equilíbrio do triunvirato, esses dois generais passariam a traçar estratégias para comandar Roma sozinho. Apoiado pelo Senado, Pompeu deu o primeiro passo ao ser eleito como cônsul único.
No ano de 50 a.C., César foi impedido de voltar ao consulado quando o Senado impôs uma lei que exigia que os candidatos a cônsul habitassem a cidade de Roma durante a campanha. Como César estava ocupado com a administração da Gália, ficava desse modo impedido de concorrer às eleições. Ao buscar um acordo com os magistrados romanos, o general acabou tendo seu pedido de candidatura anulada. Foi então que ele decidiu realizar uma das mais ousadas ações militares de sua vida.
Ignorando a autoridade do Senado, Júlio César congregou as suas legiões, atravessou o rio Rubicão e invadiu a cidade de Roma. Após capturar Pompeu e os senadores que se opunham à sua atuação política, o general foi transformado em ditador com a aprovação de boa parte da população romana. Assumindo diversas funções simultaneamente, ele acabou minando a autoridade senatorial e ficando acima das instituições que regulamentavam a República Romana.



Revoltas plebeias

Ao longo do desenvolvimento da República, percebemos que as estruturas políticas formadas em Roma estabeleciam um sério desequilíbrio político entre os patrícios e os plebeus. Os primeiros ocupavam os mais importantes cargos públicos e tinham poder decisório central na aprovação de grande parte das leis. Já os plebeus, mesmo aqueles que se enriqueciam com o comércio ou formavam as fileiras do exército, experimentavam uma participação na vida política romana bem menos expressiva.
No começo do século V a.C. essa situação de desigualdade motivou vários plebeus a organizarem a primeira das várias revoltas em que esse grupo da sociedade romana reivindicava seus direitos políticos. Nessa primeira ação, os plebeus se dirigiram até o Monte Aventino e ameaçaram não mais garantir a proteção militar da cidade. Por meio da manifestação conseguiram estipular a criação da magistratura de tribuno da plebe, que poderia vetar leis e decisões que fossem contra o interesse dos plebeus.
Não se limitando a essa única revolta, percebemos que os direitos políticos plebeus foram se ampliando cada vez que um novo levante era organizado. Por volta de 450 a.C., conquistaram uma importante reforma jurídica pela qual as leis romanas seriam pela primeira vez registradas com o uso da escrita. Dessa forma foi criada a Lei das Doze Tábuas, que consistiu na primeira compilação de leis escritas responsável pelos fundamentos essenciais do Direito Romano.
Na medida em que uma parte dos plebeus se enriquecia, percebemos que esses passaram a ter uma importância política e econômica cada vez mais central na vida de Roma. Desse modo, diversas famílias patrícias tinham interesse em reforçar os laços com os plebeus enriquecidos através do casamento. Diante disso, uma nova revolta ocorrida em 455 a.C. legalizou o casamento entre patrícios e plebeus. Por meio dessa junção, a aristocracia romana ganhou um novo segmento com o estabelecimento da classe nobilita.
No século IV a.C., uma nova contenda política concedeu aos plebeus o direito de concorrerem ao cargo de cônsul pela aprovação da Lei Licínia. Por meio dessa nova lei, os dois cônsules eleitos para Roma deveriam pertencer a classes diferentes: sendo um plebeu e o outro patrício. Décadas mais tarde os plebeus conseguiriam abolir a escravidão por dívidas com uma nova rebelião que conquistou a aprovação da Lei Poetélia Papíria.
Com a ocorrência de todas essas transformações podemos ter uma evidente prova de que os direitos políticos plebeus se alargaram bastante ao longo do tempo. As diferenças que antes revelavam Roma como um cenário político aristocrático acabaram se equilibrando e, de certo modo, se aproximando a uma situação mais democrática. Gradativamente, essa equiparação foi decisiva para que a unidade política romana alcançasse a conquista de novas terras por meio de um exército bem organizado.



O segundo triunvirato


No ano de 44 a.C., uma conspiração contra Júlio César acabou estabelecendo o fim da ditadura que colocara a manutenção da República em xeque. Mesmo com a vitória, os opositores de Júlio César não foram os que tomaram o poder após a deflagração de seu assassinato. Sob a liderança do general Marco Antônio, a população romana se voltou contra os conspiradores. Acuados, eles tentaram buscar refúgio em territórios colonizados por Roma.
Desse modo, o general Marco Antonio, antigo aliado militar de Julio César; Caio Otávio, sobrinho de Júlio César; e Lépido, um dos mais ricos banqueiros de todo o mundo romano, se uniram para formar o Segundo Triunvirato. Estabelecido com o objetivo de equilibrar as forças políticas em Roma, esse novo governo determinou a divisão dos domínios romanos em três grandes regiões: a África e a Sicília ficaram por conta de Otávio; Marco Antônio com a Gália e a Cisalpina; e Lépido comandaria a Península Ibérica e a Gália Narbonesa.
Essa primeira divisão acabou durando pouco tempo, tendo em vista que o novo expurgo determinou o impedimento de dois mil cavaleiros e cento e trinta senadores. Além disso, os principais opositores de Julio César foram violentamente cassados e mortos por conta de sua afronta ao poder político centralizado romano. No ano de 40 a.C., uma nova divisão territorial determinou que Lépido dominasse a África; Otávio, as terras ocidentais; e Marco Antônio, o Oriente. As terras da Península Itálica seriam dadas como território neutro.
Reconhecendo em Marco Antônio o seu mais importante rival, Otávio forçou o mesmo a jurar fidelidade ao seu governo oferecendo a mão de sua irmã para o general. Com o casamento com Otávia, Marco Antônio passaria a integrar a própria família de seu companheiro no triunvirato. No entanto, quebrando essa aliança, Marco Antônio se separou da esposa em 36 a.C. para então se casar com a rainha egípcia Cleópatra.
Ameaçado com essa situação, Otávio logo descobriu que o general Marco Antônio tinha intenções de deixar Cleópatra como herdeira de seu cargo político e Cesárion, seu filho com a rainha egípcia, como regente do governo de Roma. Usando do testamento de Marco Antônio como prova, Otávio recebeu o apoio necessário para perseguir o general e a rainha egípcia. Chegando ao Egito, acabou realizando uma enorme conquista territorial e formou um grande espólio extraído dos suntuosos palácios egípcios.
Nessa conquista, preferindo escapar da fúria de Otávio, Marco Antônio e Cleópatra cometeram suicídio. Voltando para a capital do império, Otávio foi consagrado como fiel e legitimo defensor do povo romano. Mesmo preservando algumas das instituições republicanas, a vitória de Otávio foi o primeiro passo para que o Triunvirato fosse extinto e o império fosse o grande regime político romano.





     

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