Membros do Grupo de Estudos. Um de vocês já respondeu a ficha de questões que mandei (Brendo) ele teve dificuldades de achar material para responder a 3° questão, como achei que tava meio difícil demais mesmo. Fiz um texto de apoio para vocês, espero que gostem e qualquer dúvidas falem comigo.
A
crise e seus desdobramentos
Jones Manoel*
A crise financeira de 2008 abala o mundo
até agora. Especialmente a Europa e os E.U.A, porém o não é dito é o que é essa
crise, o por que dela, e como sair. Mas antes de entremos nessas questões é bom
fazer umas explicações metodológicas.
Primeiro: economia não é uma ciência! No
sentido de exatidão ou imparcialidade. Toda a construção de uma lógica
econômica ou de soluções para problemas econômicos depende a priori de juízos
de valor e valores ideológicos. Isso é claro quando se analisa a questão da
Pobreza. Um marxista acha que a pobreza é um mal, que tem que ser extirpado,
mas um liberal acha que não, visto que a pobreza é resultado de uma competição
e como é uma competição alguém tem que perde e a perda e o ganho fazem parte da
meritocracia. Partindo desse princípio: as soluções para a crise dependem de
uma questão política, de se considera o que é certo ou errado. As políticas
econômicas que diminuem a aposentadoria podem ser consideradas certas por
alguns economistas e erradas por outros, isso não é uma questão científica, mas
ideológica, claro que toda decisão econômica tem um efeito, mas até mesmo o
efeito a ser considerado como bom ou ruim é um questão de valor.
A
construção ideológica da Crise
Em
2008 vários bancos de investimentos quebram nós estados unidos, levando o mundo
para uma crise. A crise que começou no setor imobiliário e nós bancos que
financiavam esse setor e especulação com empréstimos e títulos da dívida quebraram
várias construtoras também e como toda atividade econômica hoje é interligada a
economia de maneira geral “quebrou” não só a dos E.U.A mas de vários países o
México como o melhor exemplo de como a crise se espalhou. Pois bem, a Europa
foi muito afetada pela crise, vários países chegarão à beira da falência e
alguns enfrentarão um severo desemprego e retração econômica. A Europa sem
dúvida foi o continente mais afetado pela crise que começou nos estados unidos,
mas ainda os países chamados PIGSS (Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Grécia.
sigla em inglês). Com isso a União europeia antes um bloco econômico sólido e
forte entrou em uma espiral de crise, com Recorde de desemprego, manifestações
sociais contra a situação econômica e tensão política forte. Só para ilustra a
Espanha hoje (2012) tem 20% de desemprego, sendo que uma taxa aceitável não
deva passar de 5%.
Agora podemos chegar ao X da questão: se
estamos em uma crise, temos que conseguir uma solução para superar-lá e para
superar uma crise antes de tudo temos que saber o porquê de a crise ter
atingido tão fortemente a Europa e alguns países de maneira mais forte ainda.
Bem é fato que a Europa desda década de setenta vem em um processo de
desaceleração do crescimento econômico. Com a abertura da China para o
capitalismo e dos chamados tigres asiáticos (Coréia do Sul, Singapura, Hong
Kong e Taiwan) a Europa perdeu muitos investimentos e indústrias,
consequentemente empregos também. Era preferível para as indústrias produzirem
em países asiáticos onde a mão de obra é barata e não se tem direitos
trabalhistas consolidados, além de incentivos fiscais muito generosos dos
governos locais. Isso fez com que o crescimento industrial e o padrão de vida
europeu caíssem de forma considerável, claro que é um processo lento, mas com a
crise iniciada em 2008 foi como se o processo recebe-se um catalisador que
potencializou a crise que já estava sinalizada. Isso é apenas um dos motivos,
dentre vários, mas como o objetivo desse texto não é trata especificamente da
crise e sim das medidas tomadas para sair dela, vamos a o que realmente
interessa.
Como
Sair da Crie: O milagre da fadinha da confiança!
Quando se ler qualquer
editorial econômico de grande circulação as explicações para a crise europeia
são praticamente duas. A primeira é falar que a crise deriva do exerço de gasto
dos estados para financiar o Welfare State ou estado de bem estar social, que é uma
política econômica e social onde o estado toma o bem estar dos cidadões como sua
responsabilidade e provém: saúde, educação, transporte público, segurança,
moradia e vários outros direitos básicos. Pois bem, esses serviços são
altamente custosos e para financia-los é preciso muito dinheiro arrecadado em
impostos. Para arrecadar muitos impostos a economia tem que estar bem, pois
caso contrario, seria impossível manter uma arrecadação homogenia. Então a primeira
vista faz sentido atribuir a crise ao excesso de gastos dos estados, mas quando
olhamos mais de perto vemos que os países mais afetados pela crise os PIGSS estão
entre os países que menos gastão com o estado de bem estar social. Só a Itália
entre os PIGSS está entre os países que investem muito, mas mesmo assim, já
vinha em um processo de desmonte desse estado, e os outros países, não tinha o
estado de bem estar social forte. Para deixar bem claro que essa explicação é
falhar: A Suécia é um dos países que mais gastão com o estado de bem estar
social e vai muito bem obrigado, lá os sinais de crise não chegaram ainda.
A
segunda explicação típica é falar que a dívida soberana muito alta dos países é
o motivo da crise. Essa explicação é mais ridícula ainda, pois a maioria dos
países com exceção da Grécia estava com suas contas equilibradas antes da
crise, mas com o estopim da crise eles depositarão “rios de dinheiro” para
bancos e empresas de crédito em geral o que fez com que a suas dívidas aumentassem
é muito (http://blogs.estadao.com.br/paul-krugman/2011/12/29/zumbis-fiscais-europeus/)
Leia essa matéria é tenha mais
informações.
Bem
partindo desse principio que o problema europeu é o excesso de gastos do estado
e uma dívida pública muito grande, que segundo alguns economistas enfraquecem a
confiança dos investidores e por isso a Europa vem perdendo investimentos, como
se para investi o importante não fosse o retorno dos lucros que esse
investimento dá e não a suposta confiança que os investidores deveriam ter. O
economista Paul Krugaman ganhador do prêmio Nobel de economia (2008) chama essa
crença de achar que o problema europeu é de falta de confiança dos investidores
de “fadinha da confiança” colocando uma cobertura ideológica no problema e não
vendo que ele é sistêmico. Partindo disso as medidas adotadas para “sair” da
crise são: planos de austeridade, ou seja, aumento brutal dos impostos e corte
também brutal de despesas do estado, o termo despesas do estado leia-se: cortes
na educação, saúde, segurança, aposentadorias, direitos trabalhistas e vários direitos
sociais. Isso reduz a condição de vida dos trabalhadores e prejudica ainda mais
os mais vulnerais, leia-se: pobres, idosos, mendigos etc. A ideia é que com os
planos de austeridades que irão sanar as dívidas dos estados os investidores
verão que a economia europeia está sólida e com isso irão voltar a investir,
com a volta dos investimentos volta os empregos, com a volta dos empregos a
economia se recupera. É tudo uma questão de restaurar a confianças dos
investidores dizem os economistas, se é mesmo é uma questão que não cabe aqui
falar, pois o motivo do texto não é esse, mas só adiantando para um tema
futuro: O autor desse texto não concorda com as medidas que estão sendo tomadas
e acha que elas ao invés de fazerem a Europa sair da crise vai aprofunda-la
ainda mais, vocês concordam comigo?
· * Jones
Manoel é Graduando em História pela UFPE e metido a entender de economia, mas
na verdade não entende nada!